Economia brasileira cai 3,34% em maio com impacto de greve

Sob o impacto da paralisação dos caminhoneiros, a atividade econômica brasileira sofreu retração de 3,34% em maio, apontou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC) pela série com ajuste sazonal, atualizada nesta segunda-feira. O resultado representa uma inversão de rumo em relação a abril, quando houve crescimento de 0,50% (dado revisado). Nos 12 meses até maio, o indicador do BC aponta crescimento de 1,13% na série sem ajuste. Ante maio de 2017, o índice registrou recuo de 2,90% na série sem ajuste. No ano, a variação é positiva, em 0,73%.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a indústria, varejo e serviços refletidos no IBC-Br já haviam apontado o baque na atividade causado pelo bloqueio das estradas em todo o país, que teve início em 21 de maio e durou 11 dias. Naquele mês, a produção industrial caiu 10,9%, segundo maior retração da série, iniciada em 2002.

CONFIANÇA – Dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que houve uma queda de 6,1% no Indicador de Confiança do Consumidor no último mês de junho, na comparação com maio, informa o SPC em relatório. Com esse recuo, o indicador retrocedeu para 38,8 pontos, o que representa o mais baixo patamar desde janeiro de 2017, início da série histórica. Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que resultados acima de 50 pontos demonstram o predomínio de otimismo, ao passo que abaixo de 50, o que prevalece é a visão pessimista.

VAREJO 1 – Depois de provocar uma forte queda na produção da indústria, a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio empurrou o varejo para o primeiro resultado negativo neste ano. O volume de vendas do varejo restrito — que exclui o comércio de automóveis e de materiais de construção — recuou 0,6% em maio, na comparação a abril, desempenho ligeiramente melhor do que o esperado pelo mercado. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, a greve afetou de forma disseminada os ramos do comércio varejista, reflexo do desabastecimento de mercadorias e das restrições de transporte enfrentadas pelas famílias para circular e consumir.

VAREJO 2 – A atividade do comércio no país cresceu 3,4% em junho, sobre maio, depois de recuar 2,3% sobre abril, sob efeito, entre outros fatores, da greve dos caminhoneiros, informa a Serasa Experian. As variações têm ajuste sazonal. Com o resultado, a atividade do setor aumentou 6,3% no primeiro semestre deste ano sobre o mesmo período do ano passado, melhor resultado desde 2013, quando subiu 8,1%. Em 2016 (-8,3%) e 2017 (-1,5%), os resultados foram negativos no mesmo período. De acordo com a Serasa, os segmentos ligados aos bens de consumo duráveis tiveram desempenho melhor no semestre do que os setores mais ligados à massa de rendimentos. A atividade dos supermercados cresceu 0,5%.

INADIMPLÊNCIA – O número de micro e pequenas empresas inadimplentes no Brasil chegou a 5,122 milhões em maio, um crescimento de 0,8% em relação a abril, quando 5,080 milhões de pessoas jurídicas do mesmo porte estavam com dívidas atrasadas, informa a Serasa Experian em relatório. Trata-se da 15ª alta consecutiva e novo recorde histórico. Na comparação com maio de 2017 (4,699 milhões), o aumento chega a 9%. Os indicadores por setores de mercado repetiram os patamares similares aos registrados nos quatro primeiros meses do ano: serviços (46,2%), comércio (44,7%) e indústria (8,7%) mantiveram suas participações no total de 5,122 milhões de MPEs com contas em aberto no país.

INCERTEZA – As incertezas quanto aos rumos da política nacional estão levando companhias a tomar medidas que vão da redução do nível de caixa à desaceleração no ritmo dos investimentos. Pesquisa inédita do Centro de Estudos em Finanças da EAESP/FGV aponta que, nos últimos seis meses, o enfraquecimento da economia local foi o fator de maior impacto nos negócios para 75,8% dos empresários, seguido pelas preocupações com a indefinição do cenário eleitoral, para 41,8% – razão que tem peso quase quatro vezes maior que efeitos das taxas de juros e inflação, representando 8,5% e 10,5%, respectivamente. A pesquisa envolveu 153 empresários entre o fim de março e abril, antes da divulgação do PIB do primeiro trimestre e da greve dos caminhoneiros – eventos ocorridos em maio e que desencadearam uma onda de revisões baixistas no PIB. Assim, naquele momento do ano, a fraqueza da atividade já preocupava o setor produtivo.

EMPREGO 1 – A frustração com a retomada da atividade econômica tem levado a um aumento na cautela do empresariado bem como na expectativa de contratações futuras, alerta Fernando Holanda Barbosa Filho, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele fez a observação ao comentar a evolução dos indicadores de mercado de trabalho da fundação, anunciados pela FGV. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 5,6 pontos entre maio e junho, para 95,5 pontos, quarta queda consecutiva do indicador. Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 0,6 ponto, para 97,1 pontos. Para o técnico, a ausência de sinais de recuperação mais robusta da demanda interna inibiu mais ainda a retomada da atividade, que já operava de forma lenta.

EMPREGO 2 – A frustração com a retomada da economia e o aumento da incerteza em relação à corrida eleitoral, ambos agravados pela greve dos caminhoneiros, aumentaram o medo dos brasileiros de perder o emprego. O indicador – medido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) – subiu 4,2 pontos e voltou, em junho, ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Para o gerente-executivo de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, a população não está confiante na recuperação econômica e não enxerga reação no mercado de trabalho. “As pessoas não visualizam isso no seu bairro, nem nas suas empresas e começam a tomar decisões que acabam por refletir em recuperação ainda mais lenta, como consumir menos”. De acordo com a CNI, o pico de 67,9 pontos atingido no mês passado empata somente com maio de 1999 e junho de 2016 – ambos momentos de crise mais acentuada.

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