O presidente da ABAD, Emerson Destro, participou no sábado (4) de uma teleconferência com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes da UNECS – União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços e membros de outras entidades. O ministro garantiu que estão sendo tomadas todas as medidas emergenciais para que se consiga atravessar o que ele chamou de duas “grandes ondas”. A primeira com o enfrentamento das questões de saúde, e a segunda, com o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Segundo ele, o governo federal já está estudando uma maneira de retomar as atividades econômicas com segurança quando não for mais preciso manter o estado de isolamento social decorrente da pandemia. A ideia é fazer testes massivos nos trabalhadores para que quem esteja saudável possa voltar a trabalhar. Mas frisou: isso só deve ser implementado quando o Ministério da Saúde liberar a volta da circulação das pessoas nos centros urbanos.
“Já estamos nos preparando, pensando lá na frente. Justamente em ter em massa, que funciona, ajuda para quando começamos a furar a segunda onda da economia. É o passaporte da imunidade. As pessoas vão sendo testadas, pode ser semanalmente, e quem tiver livre continua trabalhando. E aí fazendo teste pode ir girando a economia, mas lá na frente. Eu repito: estamos em isolamento social, sob coordenação do ministro [Henrique] Mandetta”, afirmou o ministro.
Guedes solicitou às empresas e aos consumidores brasileiros que se mantenham unidos, de forma virtual, quando se trata de economia. Para isso, pediu que contas como as de luz e telefonia continuem sendo pagas, que os consumidores continuem movimentando os restaurantes e as lojas locais por meio do delivery e defendeu o uso das medidas de manutenção do emprego que foram anunciadas pelo governo.
Os empresários que participaram da teleconferência concordaram com Guedes, mas pediram o reforço e o aprofundamento das medidas de enfrentamento à crise que vêm sendo anunciadas pelo governo – medidas que, segundo Guedes, já somam R$ 800 bilhões e vão levar o déficit brasileiro a 6% do PIB.
“A preocupação dos empresários brasileiros é de que os números apresentados pelo governo para atender as empresas não sejam suficientes. Além disso, que não cheguem à maioria das empresas, que não estão capitalizadas para fazer frente a esse pandemônio econômico”, alertou o presidente da Unecs, George Pinheiro. Guedes prometeu, então, aprofundar essas medidas, sobretudo ampliando o crédito e direcionando esse crédito para as empresas que mais precisam.
O presidente Emerson Destro expôs ao ministro que o setor atacadista distribuidor, que abastece mais de cinco mil municípios brasileiros, está com o seu estoque regulado e bem suprido pelas indústrias. “Apesar do trabalho que estamos realizando, o setor já sofre os efeitos da crise e pressente que vai enfrentar problemas lá na frente. A minha pergunta é se há uma luz no fim do túnel, se o governo já estuda uma data para encerrar o período de restrição de circulação”, indagou.
O ministro respondeu que estão trabalhando para voltar a uma vida normal, mas não há prazo ainda estimado. “Agora estamos no período de hibernação, mas temos que manter os serviços essenciais em funcionamento. A preocupação é não deixar o sistema econômico colapsar. Não faltará dinheiro para os menos favorecidos, e nem para os empresários seja ele pequeno, médio ou até mesmo grande. Com o passaporte da saúde que deverá ser implantado, os jovens serão os primeiros que voltarão a suas rotinas normais”, disse.
Ele ainda anunciou a formação do Comitê de Emergência para Assuntos de Varejo, um grupo de trabalho com representantes do setor de comércio e serviços e membros da equipe econômica. O presidente da Unecs será o responsável por indicar os participantes das entidades e agendar as reuniões, sendo a primeira já na próxima semana.
Além do presidente Emerson Destro, participaram do encontro virtual o presidente George Pinheiro, presidente da CACB e da Unecs, como moderador, e os presidentes da Unecs: José Cesar (CNDL), Zenon Leite (AFRAC), João Sanzovo (ABRAS), Glauco Humai (ABRASCE), Nabyl Sahion (ALSHOP), Paulo Solmucci (ABRASEL) e Geraldo Defalco (ANAMACO). Também estavam na live Marcelo Silva (presidente do IDV), Flávio Rocha (conselheiro do IDV e presidente do Conselho Administrativo da Riachuelo) e Antonio Carlos Pipponzi (conselheiro do IDV e presidente do Conselho Administrivo da RD).
Veja abaixo outros trechos da fala do ministro:
“Vamos para o teletrabalho, para o e-commerce, mas de qualquer forma temos de manter respirando e oxigenada a economia brasileira”
“O protocolo da crise está sendo seguido, os presidentes de Poderes estão se entendendo”
“Trocamos nosso eixo de atuação. Nosso eixo eram as reformas estruturantes, agora são as medidas emergenciais”
“Temos que manter a economia brasileira respirando e oxigenada. Não podemos cair na atração fatal da inadimplência, da moratória, do vale-tudo”
“Não vamos destruir os capitalizados. Vamos manter as redes de pagamento em funcionamento. Podemos renegociar um aluguel, salário, podemos renegociar tudo. Mas não desorganizar a rede de pagamentos”