Aprender, assumir riscos e delegar são processos enfrentados pelos sucessores

Em um processo sucessório, como garantir uma transição tranquila e bem planejada, mantendo o legado da empresa? Para falar sobre o assunto, Franco Astoria, eleito para a presidência do Grupo ABAD Jovens e Sucessores (GAJS) no biênio 2025 – 2026, conversou com dois jovens líderes que passaram – ou estão passando – por esse processo: Danielle Brasil, da Riograndense Distribuidora, e Eduardo Beira, da Ypê.

A conversa, que constituiu o terceiro painel da edição 2024 da Convenção Anual do GAJS, realizada na terça-feira, 26 de novembro, girou em torno do compartilhamento de experiências valiosas.

Um dos pontos mais enfatizados pelos painelistas foi a importância de o sucessor chegar à empresa com humildade, mostrando que está ali para aprender, sem medo de julgamentos, mas interessado em ouvir os mais experientes, sejam diretores, conselheiros ou chão de fábrica.

“Assim que eu entrei, eu era conhecido como filho do Jorge. Essa foi a primeira barreira que encontrei. Levou tempo, tive de ser perseverante, mas, a partir das entrega e da participação nas reuniões, fui ganhando espaço para construir a minha persona e, então, ser reconhecido como Eduardo”, pontuou Beira dizendo que sem humildade, sem estar receptivo ao aprendizado, essa vitória não seria possível. “Eu precisava entender que eu não sabia nada e estava ali para ganhar conhecimento. E foi assim que fui cativando as pessoas”, complementou.

Franco comentou que ser humilde também possibilita uma abertura ao não-julgamento. “Esse é um ponto muito importante. Não podemos ficar preocupados com o que o outro está pensando, em como ele está nos avaliando. Estamos ali para se preparar, perguntar”, disse.

Conflitos familiares

Beira compartilhou algumas experiências valiosas sobre como contornar conflitos familiares que, naturalmente, ocorrem no ambiente corporativo. Após explicar que houve uma ruptura na Ypê, quando alguns membros se desligaram de suas funções, o que gerou um impacto negativo grande na empresa, fazendo-os repensar a posição e retornar à companhia, o executivo brincou: “família é tudo igual, só muda de endereço”.

Por um lado, essa similaridade é benéfica e permite que uma empresa aprenda com os erros e acertos das outras. “Estar amparado por cases de famílias que já passaram pelo mesmo que estamos passando é excelente”, disse. Segundo ele, os herdeiros da Ypê vivenciaram, recentemente, um treinamento no MIT sobre governança familiar e, durante uma semana, vivenciaram exemplos tanto de boas práticas quanto de situações inapropriadas ocorridas em empresas familiares mundo afora.

Beira ainda comentou que, apesar de inusitado, uma decisão da empresa ajuda muito nas relações interpessoais: “no nosso protocolo familiar, todo membro da família precisa de acompanhamento psicológico para ganhar autoconhecimento e, assim, estar apto a ter discussões de maneira construtiva”.

Em contrapartida, Danielle e seus três irmãos passaram por uma transição de forma bastante tranquila e compartilha o segredo para um processo mais calmo: “nos orgulhamos da harmonia da empresa, conquistada com humildade, pouca vaidade e um empenho ganhe em discutir apenas assuntos voltados ao bem do negócio”.

Empreendedorismo no Brasil

“Empreender, no Brasil, é assumir riscos”, disse Beira lembrando que em uma situação empresarial, é preciso trabalhar de forma estratégica para encarar esses riscos, mas mitigá-los ao máximo. “Nossos antepassados assumiram um risco grande iniciando o nebgócio, mas agora temos muito a perder. Por isso não há como agir com base em subjetividades. Temos que tomar decisões de forma assertiva”, completou.

Na visão de Danielle, um dos caminhos para evitar riscos desnecessários está em ter conhecimento tanto da empresa quanto do mercado em que ela está inserida. “Devemos reunir informações para melhorar a tomada de decisão. É nesse sentido que temos de atuar. Garantir risco zero é impossível, mas podemos nos precaver”, pontuou a executiva.

Delegar é preciso

Em uma empresa em crescimento, delegar é necessário para que o negócio possa se desenvolver. “Estamos justamente nessa fase em que a empresa está grande demais para que os donos saibam de tudo o que está acontecendo o tempo todo. Temos de delegar.  E delegar não somente o operacional, mas também a tomada de decisão”, comento Beira.

Para delegar, é preciso alinhamento adequado e empoderamento. “Se uma decisão for genuinamente tomada com o intuito de acertar, nunca fazemos caça as bruxas para não desestimular as equipes a, no futuro, inovar e arriscar”, finalizou o executivo.

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