O primeiro painel da edição 2024 do Encontro de Valor ABAD foi o Econômico. Com uma palestra de Roberto Motta, jornalista, escritor e comentarista da Jovem Pan, seguida por um breve debate com Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD; José Rodrigues da Costa Neto, CEO da JC Distribuição;, e Waldir Beira, presidente da Ypê, a sessão apresentou como o atual cenário do Brasil se insere no contexto global e qual o impacto da geopolítica na economia brasileira.
Contextualizando a economia atual com base em falas de personalidades históricas sobre liberdade econômica, Motta declarou que existe uma nítida tensão entre os conceitos de igualdade e liberdade e que “a forma como se enxerga o mundo determina a forma como se age e governa”.
Explicando o conceito racionalista construtivista como a crença de que algumas poucas pessoas reunidas em um gabinete podem decidir como milhares de pessoas devem viver suas vidas, o jornalista citou o economista austríaco-britânico Friedrich Hayek ao declarar que o verdadeiro conhecimento está distribuído na sociedade. “Nós é que sabemos a melhor forma de fazer determinadas coisas, de como nos organizar dentro de nossos costumes e tradições”.
Desafios e ameaças
Na visão de Motta, existem desafios globais, regionais e específicos do cenário brasileiro. Segundo ele, a mudança do perfil demográfico é um dos que assolam o mundo. “Vai haver um declínio populacional e 185 países verão sua população diminuir. Enquanto isso, nove nações – entre elas a Índia – assistirão ao crescimento da sua população nos próximos dez anos, ampliando a demanda por comida, água e energia e os países da OCDE já veem a expectativa de vida ultrapassar 80 anos desafiando os sistemas previdenciários”, pontuou.
Especificamente para a América do Sul, o especialista cita o narcotráfico como uma das principais ameaças, aumentando, inclusive, a insegurança alimentar, jurídica e energética.
Já no Brasil, ele enxerga três pontos principais. “No Brasil, vejo três movimentos preocupantes: intervenção cada vez maior do governo na vida privada, centralização do poder do Governo Federal e insegurança jurídica permanente, onde ninguém sabe qual a regra do jogo e se o que vale hoje ainda estará valendo amanhã”.
Tecnologias e mudanças na transmissão de informações
Com o advento da Internet e das redes sociais, houve uma mudança na forma como a informação é compartilhada, o que leva à necessidade de um controle maior. “Três eventos mudaram a dinâmica da comunicação da sociedade: surgimento da Internet, redes sociais e telefone celular. Hoje, ao contrário do que acontecia 20 anos atrás, todos têm acesso à informação e todos têm sua opinião. Como consequência, esses fenômenos mudaram também a política eleitoral, grande motivadora das discussões sobre a necessidade de regulamentação dessas mídias”, disse.
No âmbito tecnológico, Motta citou Elon Musk e sua perspectiva de que em cinco ou dez anos todos terão um robô humanoide em casa para cumprir diversos tipos de serviços. “Essas mudanças levarão à necessidade de um redesenho das cadeias de suprimento globais”, comentou, sendo, essa, uma das grandes oportunidades históricas para o Brasil.
Experiência Argentina
“Temos o dever de casa de diminuir o peso do Estado e liberar recursos para os empreendedores que, na minha opinião, precisam de estabilidade política e segurança jurídica”, disse. Motta apontou a Argentina como exemplo a ser seguido. “Quem sinaliza esse caminho é a Argentina, com redução do tamanho do Estado e das ineficiências. É a receita da sustentabilidade. E se eles conseguem, a gente também consegue”, finalizou.
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