Na quarta-feira, 9 de outubro, o Comitê ESG da ABAD esteve reunido em São Paulo (SP) para o primeiro encontro voltado à definição das ações de 2025. Após a palestra inicial de Hugo Bethlem, cofundador e chairman do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, sobre as perspectivas para a Agenda ESG no próximo ano, os participantes puderam debater aspectos relevantes das práticas ambientais, sociais e de governança dentro da cadeia de abastecimento.
Euler Fuad Nejm, vice-presidente da ABAD, representando o presidente Leonardo Miguel Severini, foi o responsável pelas boas-vindas aos presentes e por dar início à programação. Na sequência, Alessando Dessimoni, coordenador do Comitê, fez uma breve apresentação sobre a importância do encontro. “Temos vivido desafios enormes no mundo e no Brasil. Nosso propósito é que possamos fazer ações conjuntas que beneficiem a cadeia de abastecimento, e a ABAD está aqui para criar toda a estrutura para isso”, pontuou.
Talentos, meio ambiente e tecnologia
De forma bastante prática, Bethlem conduziu sua palestra com base em três temas principais: talentos, meio ambiente e tecnologia. Após contar um pouco sobre a história do Instituto Capitalismo Consciente e de dar exemplos sobre como a temática ESG vem incorporando a cultura corporativa nas últimas décadas, o especialista enfatizou sua percepção de sucesso nos negócios.
“Acreditamos que o negócio bom é aquele que cria valor para a sociedade e para o planeta. É ético quando está baseado em trocas voluntárias. É nobre quando eleva nossa dignidade como seres humanos. E é heroico quanto tira as pessoas da pobreza gerando oportunidades”, declarou.
Ao compartilhar conhecimentos sobre como a gestão de talentos é primordial para as companhias – declarando, inclusive, que o papel do CEO é cuidar das pessoas – Bethlem pontuou que uma companhia precisa de diversidade, pois equipes compostas apenas por semelhantes não conseguirá representar a pirâmide socioeconômica do país. Porém, em uma nação onde há muita desigualdade, o investimento em diversidade custa caro. “52% da população brasileira não teve as mesmas oportunidades que tivemos, então ela vem menos preparada”, disse. Segundo ele, é papel da empresa treinar esses trabalhadores que chegam.
Outros dois pontos relevantes dentro da gestão de pessoas estão na criação de um ambiente de trabalho que possibilite a inovação, ou seja, que garanta segurança para que os colaboradores arrisquem, errem e, assim, consigam “pensar fora da caixa”; e no planejamento sucessório, principalmente em um mercado repleto de empresas familiares.
Ao abordar os aspectos voltados as ações em prol da preservação ambiental, o palestrante aproveitou as notícias recentes sobre as mudanças climáticas e seus efeitos devastadores para uma declaração forte: “A mudança climática é extremamente importante e todos devemos discutir o assunto de maneira recorrente em nossos negócios. Não deve ser apenas uma defensiva para as empresas, mas para diminuirmos o impacto no ambiente”, disse.
Para ele, pensar na emissão zero é utópico, mas podemos aproveitar as benesses do Brasil e de sua energia prioritariamente limpa para promover alterações logísticas que reduzam a liberação de gases do efeito estufa ao mesmo tempo em que combatemos o desmatamento e, com ações de reflorestamento, mitigamos as problemáticas geradas por ele.
Ao tratar da tecnologia, Bethlem enfatizou que as companhias devem se preocupar com os riscos cibernéticos associados à tecnologia ascendente. “Quanto mais aparelhos temos, quanto mais benefícios damos para a conectividade dentro e fora das companhias, maior o campo de risco. E uma invasão onde os dados são roubados é a pior coisa que, hoje, pode acontecer a uma empresa”, disse.
Por fim, antes de permitir a participação ativa dos presentes, o especialista declarou: “Sustentabilidade é se desenvolver com atitudes economicamente viáveis, ecologicamente corretas, socialmente justas e culturalmente diversas. Sustentabilidade é resiliência. É ter paciência, acreditar que está no rumo certo e corrigir a rota se não estiver. É determinação e longevidade”.
Troca de experiências
Após a palestra de Bethlem, os participantes – que representavam importantes atores do mercado atacadista distribuidor – trocaram experiências e conhecimentos sobre como suas empresas têm se envolvido na temática ESG.
Euller Fuad Nejm, vice-presidente da ABAD, disse que as lideranças devem dar o exemplo. “Cultura é um ensinamento”, declarou. Na sequência, Walter Faria, do Grupo Braveo, complementou esse pensamento dizendo que tudo depende da conscientização. “É uma jornada. Não adianta querer fazer marketing. Tem que dar um passo de cada vez, sem prometer mais do que vai entregar. Temos de agir em etapas”.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Regina Teixeira, da Pepsico, falou sobre como o grupo lida com o ESG. “No comitê executivo, temos metas de diversidade e de ESG, não somente metas de faturamento e marketshare. É um compromisso da liderança e todas as áreas têm de trabalhar juntas”, afirmou.
Lembrando que existem desafios inúmeros para a implementação da prática ESG dentro das empresas, Franco Astoria, da Chocosul Distribuidora, trouxe luz a um importante ponto. “Quando olho as discussões de sustentabilidade voltadas para meio ambiente, será muito difícil sermos efetivos se, de fato, a gente não conseguir trazer produtividade para nosso negócio”, declarou.
Vidas preciosas
Para encerrar o encontro, Andreia Alves, do Instituto ABAD, foi convidada a apresentar uma atualização sobre o Vidas Preciosas, projeto que visa transformar a realidade de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade através do cricket. Já em funcionamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, a ação está aberta para o investimento das companhias que podem contribuir, inclusive, por meio do Imposto de Renda, visto que o projeto já está credenciado no Ministério da Cidadania e do Esporte. Todas as informações sobre o Vidas Preciosas podem ser encontradas AQUI.