De prioridade à realidade – Como a inteligência artificial vem sendo incorporada na cadeia de abastecimento

O segundo dia da 43ª Convenção Nacional e Anual do Canal Indireto, que segue até a quarta-feira, dia 19, começou com o painel de Inovação e Tecnologia trazendo “Inteligência Artificial na Prática – Soluções existentes no Brasil” para o debate entre três elos da cadeia de abastecimento: indústria, atacado distribuidor e provedores de soluções tecnológicas.

Dando sequência ao assunto iniciado no primeiro dia de convenção quando Walter Longo, publicitário e administrador de empresas especialista em transformação tecnológica palestrou sobre os impactos da inteligência artificial na atualidade, o painel mostrou que o setor está entrando em uma nova era onde a inteligência artificial realmente começa a fazer parte da rotina das organizações.

Com Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, como anfitrião, e Eduardo Terra, da BTR, como moderador, estiveram presentes na discussão Marina Pereira, da GS1 Brasil; Elói Assis, da TOTVS; Juliana Bonamin, da Mondelez; Ricardo Zucollo, da Unilever; Luciana Dal Berto, da Disdal; e Edson Varnier, da Unimarka.

“Quando conversamos com os tomadores de decisão no Brasil, percebemos que a inteligência artificial vem se tornando prioridade. Porém, prioridade não significa realidade e 84% das empresas de varejo ainda não usam essa tecnologia a seu favor”, comentou Terra que fez uma breve apresentação sobre a revolução tecnológica dos últimos anos.

O especialista – que acaba de lançar o livro “Inteligência Artificial no Varejo” reunindo um panorama completo das aplicações práticas das ferramentas de IA no segmento – acredita que quatro fatores são os principais responsáveis pela aceleração da IA no mercado: conectividade, nuvem, capacidade computacional e dados.

Segundo ele, hoje temos 2,5 quintilhões de dados sendo gerados diariamente, mas eles ainda não são utilizados de forma útil. “Menos de 1% dos dados nas empresas são analisados e transformados em benefícios. A ideia é justamente passar a usar um pedacinho disso tudo para tomar decisões que melhorem as perspectivas”.

Outro ponto enfatizado por Terra e que mostra a evolução da tecnologia ao longo dos anos diz respeito ao custo de armazenagem dos dados e ao potencial das máquinas. “Em 1970 gastava-se US$ 1 milhão para armazenar 1 megabyte. Hoje gasta-se US$ 0,02 para guardar 1.000 megabytes”, mencionou. Além disso, Terra lembrou que os smartphones que utilizamos diariamente hoje têm capacidade equivalente à de um computador da Nasa de 10 anos atrás.

Visão da indústria

Juliana Bonamin, da Mondelez, e Ricardo Zuccollo, da Unilever, mostraram o que a indústria vem fazendo com todo o aparato tecnológico que invade o mercado. Realista com os principais desafios encarados pelo segmento alimentício, Juliana enfatizou a adesão à IA para melhorar a eficiência dos negócios.

“Saímos de 400 mil para 800 mil pontos de venda e precisávamos melhorar nossa eficiência operacional, que era uma das nossas grandes dores. Para isso, adotamos o pedido sugerido a fim de utilizar os inúmeros dados que tínhamos das nossas transações, mas que não eram usados com assertividade, para ditar a frequência, o pedido e o melhor mix a ofertar. Com isso, hoje temos 40% dos nossos parceiros operando com o pedido sugerido”, disse. Segundo a executiva, a implementação dessa ferramenta aumentou consideravelmente a frequência dos pedidos.

No mercado de limpeza, higiene e beleza, a Unilever já compreendeu que dados são fonte riquíssima de informação e passou a trabalhar com eles de forma muito mais aprofundada. “Primeiro organizamos a casa para ter essa matéria-prima em mãos”, comentou Zuccollo.

Outra sugestão da companhia está em dar valor ao conhecimento de mercado que se tem dentro das próprias equipes. A marca, segundo Zuccollo, aprendeu isso na marra. “Fomos ao mercado buscar um cientista de dados para, depois, descobrir que não adiantaria, pois ele não conhecia o nosso negócio. Vimos que a combinação da tecnologia com o conhecimento é que vale a pena”, explicou.

Atacado e distribuição

Luciana Dal Berto, da Disdal, reconhece que de nada adianta ter um monte de informação que fica presa em uma gaveta sem acesso. “Tenho um monte de dados, mas como os utilizo no campo, com minha equipe de vendas? Ela consegue pegar esses relatórios, analisar e tomar as decisões corretas? O que precisamos é simplificar tudo isso para passar a informação de forma mais didática e fácil para o trabalhador utilizar”, comentou.

Edson Varnier, da Unimarka, concorda que a inteligência artificial precisa ser encarada como uma ferramenta útil de produtividade. “Há muito a ser explorado dentro do nosso próprio universo de informações e a IA vai nos ajudar a direcionar nossas decisões trazendo análises mais preditivas que orientem nossos caminhos”, disse.

Entre os elos, os fornecedores de soluções tecnológicas

GS1 Brasil e TOTVS participaram do debate para explicar como ferramentas específicas são potencialmente benéficas para o mercado atacadista distribuidor.

Segundo Marina Pereira, da GS1 Brasil, a tríade do sucesso de qualquer corporação no mundo moderno é pessoas, processos e tecnologia. “A inteligência artificial permeia essas três pontas importantes”, pontuou.

Complementando o raciocínio, Elói Assis, da TOTVS, disse que as empresas voltadas ao ramo tecnológico têm a chance de ajudar a acelerar a adoção da IA nos negócios do setor entregando ferramentas que já consideram os dados mais relevantes nesse contexto. “A inteligência vem para mastigar uma quantidade de dados que não poderia ser trabalhada em uma planilha de Excel”, finalizou.

Transformando a inteligência artificial de prioridade para realidade

Ao final do debate entre os três elos da cadeia, Eduardo Terra mostrou-se motivado: “Estou com a sensação de que de fato estamos materializando a inteligência artificial”, disse. Em sua apresentação, o especialista pontuou três passos principais para que o mercado consiga colocar a inteligência artificial em prática dentro das empresas:

  1. Os dados, que são a matéria-prima da inteligência artificial, precisam ter qualidade e estar organizados.
  2. É preciso investir na arquitetura de tecnologia para que os sistemas em uso consigam conversar com as múltiplas soluções de inteligência artificial.
  3. O ser humano tem seus bloqueios e questionamentos, porém, com o tsunami que vem sendo a inteligência artificial, é preciso preparar as equipes culturalmente e investir em suas competências.

A Convenção ABAD 2024 ATIBAIA segue com agenda até quarta-feira, dia 19, e outros painéis da programação também envolvem temas relacionados à inovação e tecnologia. A programação está disponível AQUI e é possível acompanhar on-line em live.abad.com.br.

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