“Não há economia de esquerda e economia de direita”, diz Samy Dana

O Encontro de Valor ABAD incluiu em sua programação uma palestra do economista e comentarista Samy Dana no painel Momento Econômico, que iniciou sua apresentação lembrando que não há “economia de esquerda e economia de direita”. “Isso é fruto da polarização que vem ocorrendo no mundo e no Brasil”, ponderou.

O palestrante então discorreu sobre as verdadeiras correntes de pensamento econômico, que são a ortodoxia (linha americana, tida como mainstream) e a heterodoxia (economistas e faculdades que não seguem o mainstream). E pontuou as diferenças entre elas, basicamente ligadas ao método utilizado nas pesquisas.

Um economista ortodoxo é um cientista de dados, precisa ter uma sólida formação em estatística de alto nível, conhecer programação, testar hipóteses, segundo ele. “E há políticas de esquerda que são bem estabelecidas na literatura ortodoxa, como é o caso do Bolsa Família.” Há evidências de que esse tipo de programa reduz a desigualdade, em um estudo premiado com o Nobel de Economia, há dois anos.

“Ao mesmo tempo há evidências de que políticas como regulação de preços não trazem bons resultados.” Dana lamentou o fato de que a imensa maioria dos políticos brasileiros ignora a literatura econômica, fazendo o país pagar o preço de tentativas já amplamente estudadas e observadas que são destinadas ao fracasso.

O economista sustentou que seu maior receio, nesse sentido, é o chamado “efeito cobra”, que recebeu esse nome a partir de um case ocorrido na Índia onde, para resolver um problema, gastou-se dinheiro e acabou-se por aumentar o problema original.

“No Brasil, todos os governos tiveram pelo menos um episódio do efeito cobra”. Um exemplo disso: a obrigatoriedade de os planos de saúde aceitarem idosos e pessoas com doenças pré-existentes, que fez praticamente sumirem do mercado os planos de saúde para pessoas físicas. Outro exemplo citado foi o tabelamento de preços (comida, energia), que gera escassez de produtos e cria um mercado paralelo onde os preços voltam a subir, sem qualquer controle.

Manicômio tributário

Dana destacou também a importância da reforma tributária, especialmente sob o aspecto da complexidade e das muitas horas destinadas pelas empresas para operacionalizar o pagamento de tributos. “Esse sistema não é bom para ninguém – à exceção, talvez, dos advogados tributaristas. E esse caos tributário é primo-irmão da corrupção, assim como a burocracia é”, afirmou.

Outro aspecto abordado foi a produtividade, que no Brasil é de quatro a cinco vezes menos do que nos Estados Unidos, por exemplo. “Parte disso é sistema tributário, parte é educação ruim, parte é infraestrutura cara. Mas melhorar a produtividade é a única forma de deixar o país mais rico.”

Dana também fez comentários sobre inflação, dívida pública e responsabilidade fiscal: “É preciso lembrar que o país não cresce na canetada.”  Mas, avaliando o cenário mundial e os dados de inflação e do PIB dos últimos anos, junto com as projeções do governo e do mercado para 2022, suas expectativas são otimistas: “temos tudo para nos sair bem neste ano e crescer”.

Em relação às empresas, seu conselho é que elas não se deixem contaminar por receios originados no ambiente político. “Mais de uma empresa já quebrou não por investir errado, mas simplesmente por parar de investir.”

O momento econômico do evento também contou com o presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, Patrícia Turmina (Oniz Distribuidora) e Danielle Brasil Dutra (Riograndense Distribuidora), que participaram do painel de debates com o economista.

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