Painel apresenta boas prática para a sociedade, o planeta e a perenidade das empresas

A importância que os stakeholders dão ao tema ESG, sigla do inglês para os aspectos Ambiental, Social e de Governança, foi o argumento inicial do Presidente do Comitê ESG da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), Alessandro Dessimoni, na abertura da apresentação “Negócios sustentáveis: um caminho sem volta”. Realizado nesta terça-feira, o painel foi o segundo do dia na 43ª Convenção Anual do Canal Indireto da ABAD, que reúne mais de 750 convidados entre 17 e 19 e junho em Atibaia, no interior de São Paulo.

“O consumidor vai nos empurrar para essa agenda ESG. Os nossos fornecedores já estão nessa linha e vão escolher parceiros que estejam na agenda. Temos outros tantos exemplos, os clientes, o mercado financeiro, os bancos vão fazer análise de crédito considerando práticas ESG”, afirmou ele, ao cumprimentar o presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, anfitrião do evento, pela iniciativa de ter criado o comitê há dois anos.

Segundo Dessimoni, nesses 24 meses de trabalho, o comitê já conseguiu realizar três grandes entregas: as cartilhas voltadas aos pilares ambiental, social e de governança (cujas edições estão disponíveis para download neste link); a estruturação do projeto de logística reversa para o pequeno varejo; e a parceria com o projeto Vidas Preciosas. “Essas são as entregas do nosso comitê para essa convenção e para o segmento e vocês vão ter acesso a todo esse conteúdo a partir de agora”, explicou o moderador, ao passar a palavra para o painelista Gustavo Fonseca, da Baga Consultoria.

Aspecto Ambiental

Parceiro da ABAD, Fonseca coordena o pilar Ambiental do Comitê e junto com o grupo desenvolveu um projeto de economia circular e logística reversa que visa atingir 1 milhão de pontos de coleta seletiva em pequenos varejos no Brasil. O projeto prevê, por meio dos distribuidores, tanto o envio de coletores seletivos customizados para varejistas de bairros sem acesso à reciclagem, quanto a interface com cooperativas de coletores. Além do impacto ambiental, o consultor destaca o social.

“Vivemos em um país que tem 800 mil pessoas trabalhando em cooperativas de coletores, 70% são mulheres que ganham de meio a um salário mínimo por mês”, disse Fonseca, lembrando que desde 2010, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei 12.305), essa destinação é uma responsabilidade compartilhada entre todas as etapas da cadeia produtiva.

Um piloto teve início este ano, no interior de São Paulo, viabilizado pela Oniz Distribuidora. A ideia é testar as premissas e, no futuro, utilizar a inteligência artificial para saber o que está sendo descartado e onde, para escalar o projeto e buscar a meta de um milhão de pontos de coleta.

Walter Faria, CEO da Braveo, grupo que reúne seis empresas de distribuição – entre elas a Oniz –, destacou a relevância da iniciativa. “No futuro, as empresas não vão ser avaliadas pelo EBITDA, pelo resultado, mas sim pelo impacto que geram no meio ambiente e na comunidade. Por isso é tão importante fazer esse mapeamento e olhar os projetos que podemos implementar e tudo aquilo que a gente precisa para interagir como agentes de distribuição com os nossos parceiros”, explicou.

Para a convidada da P&G, Renata Santos, outro caminho sem volta para a indústria no que tange o aspecto ambiental é ter isso em voga desde o desenvolvimento de produtos. Segundo ela, o objetivo precisa ser sempre maximizar impactos positivos e minimizar os negativos, citando como case de sucesso o produto da nossa marca Gillette, o Prestobarba 3 com cabo feito com 50% de plástico reciclado. “A gente desenvolveu uma calculadora de emissões de CO2 que a gente disponibiliza para os clientes. Nós temos uma gestão em conjunto nessa parte de transportes buscando sempre uma melhoria contínua. Os times trabalham super conectados nesse sentido”, destacando que a P&G está presente para ser parceria nessa jornada ESG.

Aspecto Social

Uma vez que a primeira edição da Cartilha Social da ABAD foi elaborada com foco no tema Diversidade, Equidade e Inclusão, esse foi o viés abordado por Patrícia Fiore, da DBA, painelista que abordou o S da sigla ESG no evento. De acordo com ela, as empresas precisam estar cientes que só tem a ganhar com a diversidade, e reafirma que a prática traz melhorias no que tange o clima organizacional, o aumento de produtividade, a redução de turnover, a inovação, o reconhecimento de potencial de colaboradores e o sucesso a longo prazo no mercado global.

Em sua fala, Patrícia destacou a aprovação de novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que haja uma mulher e um integrante de grupo minoritário nos Conselhos de Administração e citou uma frase enfática da vice-presidente de inclusão da Netflix, Vernā Myers “Diversidade é convidar para a festa, inclusão é chamar para dançar”.

A gerente de Sustentabilidade da Kenvue, Agnes Honda, destacou que a empresa foi criada a um ano para capitanear a divisão de consumo da Johnson & Johnson. “Como temos marcas icônicas que impactam a vida de 1,2 bilhão de pessoas no mundo, o pilar social faz parte da nossa missão vidas saudáveis”, explicou a executiva, afirmando que entre os projetos de Diversidade, Equidade e Inclusão da companhia, os mais relevantes são o “Go Up”, que incentiva o desenvolvimento do público operacional em cargos administrativos; os grupos de afinidade (racial, saúde mental, LGBTQIa+ e liderança feminina) e o “Uma Só Língua”, voltado aos surdos. “Temos ferramentas digitais e todos os treinamentos com tradução simultânea em Libras.

Vidas Preciosas, uma tacada de sucesso – A terceira grande entrega do Comitê ESG foi o tema abordado na sequência do painel, quando subiu ao palco o presidente do projeto de Matt Featherstone, que por meio da prática do críquete incentiva o estudo, a disciplina, a liderança e a inteligência emocional de crianças de comunidades socialmente vulneráveis. Ao todo, 250 crianças no Rio de Janeiro já foram impactadas pelo projeto apoiado pela ABAD, que a partir desse mês de junho, terá início em São Paulo.

De acordo com a Andreia Alves, do Instituto ABAD, o custo mensal para patrocinar uma criança no projeto é de R$ 50. “O Vidas Preciosa foi provado no Ministério da Cidadania e é possível direcionar até 2% do Imposto de Renda para ele”, explicou Andrea, que convidou a plateia a contribuir acessando o link disponibilizado via QRcode.

Pilar Governança

Waldir Beira Júnior abordou o pilar governança corporativa explicando um pouco da jornada que fez a Ypê se transformar de uma empresa familiar em uma companhia que adota as melhores práticas de mercado.

“Meu pai, o fundador, morreu há 26 anos, e depois disso foram necessários vários ajustes. Agora estamos chegando na terceira geração e logo mais será uma sociedade entre primos, o que adiciona ainda mais alguns desafios”, explicou ele, contando que com a criação com Conselho de Administração, há cerca de 14 anos, os regramentos passaram a ser melhor conduzidos, com conselheiros externos e independentes. “Nós vimos que a Governança existe para manter a rentabilidade, a estrutura a longo prazo. É um elemento para a perenidade o negócio”.

Com 44 anos de fundação, a história da Rio Quality não foi muito diferente. “Nascemos como uma sociedade de cinco irmãos, que acreditaram na visão do meu avô e se juntaram para criar um distribuidor de food service”, disse Marcello Marinho, executivo da empresa. Entre as mudanças provenientes de uma governança estruturada, Marinho destacou a transformação do que era um departamento pessoal e uma área de gestão de pessoal, com organização e indicadores de eficiência. “A partir daí também iniciamos nossa jornada de sucessão, porque no final, o negócio vai precisar de caixa, lucro e também de perenidade”, concluiu.

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