Como é elaborado um processo de sucessão que contribuirá com a manutenção de sucesso das empresas? Para tratar do assunto, a 6ª Convenção Nacional do Grupo AAD Jovens e Sucessores convidou Daniela Teixeira, administradora de empresas especialista em sucessão da Faamily Advisory, para uma das palestras técnicas do evento.
A primeira recomendação da empresária foi a personalização. Segundo ela, é importantíssimo reconhecer que não há uma solução padrão para os processos de sucessão. “Cada família terá uma solução com base em suas características, desafios, necessidades e possibilidades”, pontuou.
Na sequência, a especialista provocou uma reflexão: a fórmula utilizada até aqui vai seguir funcionando daqui para frente?
O que Daniela busca questionar diz respeito à duas percepções distintas comuns em empresas familiares. A do fundador que acredita que seu negócio é tão único que ninguém saberá cuidar como ele, e a do fundador que reconhece que a nova geração pode fazer ainda melhor. O fato é que é preciso analisar e equilibrar sem preconceitos.
Quando se observa os índices relacionados às empresas familiares – que representam 90% das companhias brasileiras, 65% do PIB e 75% da força de trabalho – cria-se uma preocupação alta quanto à forma que a sucessão vem sendo feita no país.
De acordo com Daniela, apenas em 33% das empresas, a passagem de bastão da primeira para a segunda geração é bem-sucedida. Quando seguimos para a mudança da segunda para a terceira geração esse percentual cai para 19% e, da terceira para a quarta, cai para 7%.
Além disso, apenas 28% das empresas familiares têm processos de sucessão para cargos-chave. “As razões para essa alta taxa de mortalidade estão na falta de gestão de governança, de portfólio e da complexidade humana”, explica a executiva.
Na sequência, Daniela deu início a explicações diretas de como se constitui um bom processo de sucessão que perpetua missão e valores da família. “É muito importante ouvir os membros ou, no mínimo, todos os núcleos familiares, e criar um alinhamento entre eles para que todos os interesses sejam alcançados”, declarou.
Para a especialista, o papel do sucessor, nesse momento, é agir de forma humilde para conhecer os desafios e os detalhes dos negócios junto aos fundadores e, então, definir quais seriam os próximos passos. É essa atitude embasada em humildade que aumentará as relações de confiança e abrirá novos caminhos de forma mais natural.
Um dos pontos importantes destacados por Daniela é que o processo de sucessão tem um caráter mais subjetivo que exige tempo, dedicação e paciência. “E precisamos disso tudo em um mundo cujo conceito é a velocidade”, disse.
Para finalizar, Daniela listou seis aspectos essenciais de uma transição bem-sucedida, sendo eles valores, propósito, comunicação, formação, olhar para o indivíduo e processo.
A 6ª edição da Convenção Nacional do GAJS foi realizada em 26 de novembro no Clube Monte Líbano, em São Paulo, e reuniu renomados profissionais e multiplicadores de informações apresentando visões sobre questões de grande importância para o jovem sucessor do atacado distribuidor.