Transição geracional exige dinâmica familiar de respeito, reconhecimento e humildade

O último painel da 6ª Convenção Nacional do GAJS apresentou a temática da dinâmica familiar. A proposta era compartilhar cases de sucesso de transição geracional, visto que as dores e os desafios enfrentados pelas companhias nesse momento de troca de lideranças muitas vezes são similares.

Para esse debate, moderado por Carolyne Dal Berto, diretora do GAJS, foram convidados Lucas Pereira, do Grupo Bate Forte; Gustavo Bartolomeu Reccihioni, do Grupo Tambasa; e Elidijani de Medeiros Macedo, da Distribuidora Medeiros. Em comum, todos enfrentaram processos de transição geracional em suas empresas.

“Ao longo da convenção, hoje, apreciamos palestras sobre governança, tecnologia e sucessão familiar. Nesse painel vamos ver como tudo isso funciona na prática”, falou Carolyne ao iniciar as apresentações.

O primeiro a contar sua história foi Pereira, que enfatizou que o Grupo Bate Forte foi criado por um casal muito simples, mas com uma grande visão estratégica sobre a potencialidade do negócio. Esse casal teve sete filhos, 12 netos e 15 bisnetos, o que foi tornando a dinâmica familiar muito complexa ao longo dos anos.

Pereira é da terceira geração da companhia e cresceu fora dos negócios, assim como todos os seus primos. “Em casa havia uma regra informal de que não se falava de negócios”, disse ele, que cursou administração de empresas em São Paulo e trabalhou em outras empresas – entre elas a Ambev – antes de ser convidado a ingressar na empresa de sua família.

Quando os fundadores tomaram a decisão de abrir a empresa para a chegada da terceira geração, imediatamente convocaram uma consultoria especializada em sucessão familiar, sugestão ratificada veementemente por Pereira. “Quem for fazer esse trabalho de transição, converse muito, pois existem muitas possibilidades no mercado e cada pé tem o seu sapato”, declarou.

O executivo enfatizou a importância da criação de formalidades necessárias para a melhor formatação das sucessões. Sejam simples ou complexos, na visão de Pereira, protocolos familiares e acordos de acionistas devem sempre existir. “O erro das empresas menores é achar que isso é coisa de empresa grande”, comentou.

 Desafio – Novas gerações

De comum acordo, os painelistas mostraram que a cada nova geração que chega, o desafio aumenta. Isso porque há um certo afastamento natural dos fundadores, seus propósitos e nos novos sucessores.

“Os fundadores se escolhem como sócios. Os filhos não se escolhem, eles nascem irmãos e sócios, mas ainda são criados sob a mesma cultura, debaixo do mesmo teto. Quando chega a terceira geração, ela não se escolhe, não é criada junto e nem sempre compartilha dos mesmos propósitos de vida. É por obrigação que muitas vezes aceitam o desafio”, comentou Pereira.

Reccihioni concorda e complementa: “Entre os primos, muitas vezes nem sequer conhecemos seus perfis.” Para vencer essa dificuldade, o Grupo Tambasa também contratou uma consultoria especializada em transição geracional que propôs uma interessante dinâmica “às cegas”.

O que ele explica é que a quarta geração foi convidada a demonstrar interesse em ingressar na companhia. Os interessados passaram por um processo seletivo e aqueles selecionados foram anonimizados e tiveram seus perfis levados à diretoria para escolha. “Nesse momento, teve sócio que acabou eliminando o próprio filho”, explicou, enfatizando a importância de vetar a possibilidade de privilégio nessa escolha.

Porém, nem tudo é desafiador, como sempre há a positividade. “Quanto mais novas as pessoas chegam, mais ideias e novidades elas trazem. Além disso, ingressam na empresa com a cabeça aberta”, comenta o executivo.

Humildade e reconhecimento

Para Elidijani, a chegada dos sucessores deve ser sempre embasada em humildade e em reconhecimento ao esforço e atuação dos sucedidos, visto que os valores e princípios por eles estabelecidos levaram a empresa até o momento atual.

“Nesses mais de 20 anos, em nenhum momento eu deixei de pegar nas mãos dos meus pais e de tratá-los como conselheiros, aproveitando a sabedoria da minha mãe e a visão estratégica do meu pai”, finalizou a executiva.

A 6ª edição da Convenção Nacional do GAJS foi realizada em 26 de novembro no Clube Monte Líbano, em São Paulo, e reuniu renomados profissionais e multiplicadores de informações apresentando visões sobre questões de grande importância para o jovem sucessor do atacado distribuidor.

 

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