Com os efeitos do novo Coronavírus na sociedade e no mercado de consumo, fornecedores e varejistas tiveram que criar novas estratégias de vendas e entender o comportamento do shopper, já que o isolamento social levou a população a novos hábitos de compra. “Compreender o consumidor e o varejo sempre foi importante para os fornecedores. Contudo, com a pandemia essa atitude se tornou ainda mais relevante, o que vai exigir dos atacadistas e distribuidores um comprometimento maior quanto às ações adequadas para o mix e à busca pela exposição ideal para melhorar a experiência de compra nos pontos de venda”, disse a economista e consultora Fátima Merlin, sócia fundadora da Connect Shopper, durante Live promovida pela Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa).
O debate contou com a participação da também consultora Mônica Leão e de nomes de referência do atacado distribuidor e do segmento supermercadista de Pernambuco. Segundo Fátima Merlin, o momento atual exige uma adaptação rápida do varejo e de seus fornecedores ao novo cenário. “No caso do varejo, a loja tem que priorizar itens como agilidade, segurança, comunicação e praticidade, entre outros, com atenção especial à tecnologia e conectividade, incluindo o comércio eletrônico. Já o fornecedor, por sua vez, tem que deixar de ser mero vendedor e passar a agir como consultor de boas práticas, como parceiro dos seus clientes varejistas”.
Um ponto bastante destacado por Fátima Merlin foi sobre os desafios do gerenciamento de categorias. De acordo com ela, a parceria estratégica entre fornecedores e seus clientes deve ser ampliada para definir a melhor categorização de produtos na loja, visando atender às necessidades do shopper. “O pequeno e médio varejista, conforme pesquisas, tem certa dificuldade para melhor compreender as tendências e aplicar mudanças no seu cotidiano. O atacadista e distribuidor, portanto, mais do que nunca deve ajudar os seus clientes nessa caminhada, saindo da relação transacional para a colaborativa”.
Na aposta pelas vendas online, Mônica Leão – sócia diretora da MLeão Consultoria em Varejo – enfatizou que o e-commerce não vai excluir as vendas presenciais, mas sim vão se complementar. “O brasileiro, especialmente o nordestino, é muito relacional, adepto ao contato pessoal, a conversas olho no olho na hora da compra. Mas vale ressaltar que o shopper de hoje é multicanal. Ele pode, por exemplo, comprar online e ir buscar o produto na loja, ao invés de receber em casa. Ele não leva muito em conta a distinção de canais, pois o que mais importa é ser bem atendido, ter uma boa experiência de compra, se sentir satisfeito dentro das suas necessidades do momento”.
Mônica Leão citou o conceito Varejo Omnichannel, que preconiza a utilização integrada dos canais de venda, proporcionando a mesma experiência de compra independente do canal utilizado. “Trata-se da integração entre lojas físicas, virtuais e os consumidores, convergindo todos os canais utilizados por uma empresa, com todos funcionando juntos, como se fossem um só, de tal forma que o comprador possa explorar todas as possibilidades de interação com a marca”, explicou.
José Luiz Torres, presidente da Aspa, ressaltou o trabalho que a associação fez nesse período de pandemia, no sentido de mostrar aos gestores públicos e a toda sociedade pernambucana o real valor dos atacadistas e distribuidores. “Sempre fomos importantes na cadeia de abastecimento. E durante esse processo de isolamento social, colocamos em evidência essa importância, inclusive pela participação da Aspa no comitê especial que monitorou os riscos de desabastecimento no Estado. O nosso setor fez um trabalho extraordinário e não deixou faltar produtos essenciais no varejo. Percebo que estamos ainda mais fortalecidos”.
*Com informações da assessoria de imprensa da Aspa.