“Vamos mirar para o futuro e dar um descanso ao passado. Não vamos retardar mais as transformações digitais que o mercado brasileiro tanto necessita, em especial os negócios locais. Temos que fazer 5 anos em cinco meses”. A afirmativa é do superintendente do Sebrae-PE, Francisco Saboya, durante Live promovida pela Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa), no dia 4 de junho. Com o tema “O futuro dos negócios e os negócios do futuro”, o executivo falou ao lado do jornalista, escritor e futurista profissional, Jacques Barcia.
Saboya destacou que um dos grandes desafios atuais é o de acelerar a transformação digital dos modelos de negócios. “A pandemia só veio escancarar essa necessidade real de mudança. E o interessante é que todo esse universo de tecnologia e de inovação digital já está aí no nosso cotidiano há pelo menos 25 anos, mas sem o mercado dar a importância devida. Pelo contrário, o empresariado assiste quase que passivamente a esse processo, quando deveria aderir sem adiamentos à transformação digital. Temos que nos libertar dessa cultura secular de encostar a barriga no balcão e de fazer negócio tão somente da forma mais tradicional. Esse pensamento tem que ficar para trás”.
Para o executivo, o cliente tem que estar no centro das estratégias de negócios, com os empreendedores entendendo de uma vez por todas o perfil dos consumidores. “Se sua excelência o consumidor está mudando, toda a cadeia tem que acompanhar. E essa mudança tem que ser feita com ousadia e coragem, sem medo de errar. Uma crise dessa magnitude nos desafia a enfrentá-la à altura da sua gravidade. Portanto, não temos o direito de desperdiçar esse momento, que é cruel para toda humanidade, mas que precisa ser enfrentado e dele extraído aprendizados e o nosso próprio crescimento, sendo a transformação digital parte importante desse processo de mudança e amadurecimento”.
Economista e professor, Saboya ressaltou que a sociedade de hoje é digital e os modelos de negócios ainda são essencialmente analógicos, o que cria um distanciamento entre um e outro, gerando um espaço que vem sendo ocupado pelo comércio eletrônico nas suas diversas modalidades. “O digital não é mais uma tendência, e sim uma realidade irreversível. A Internet das Coisas, os mecanismos de Inteligência Artificial, o armazenamento de dados em nuvem e a Realidade Aumentada, por exemplo, já estão aí pra serem explorados. Devemos então apostar nessa transformação para que, quando a pandemia passar, estejamos mais bem posicionados para avançarmos na maneira de se fazer negócios”.
Saboya frisou que transformação digital não está simplesmente associada à tecnologia, mas sim à estratégia e cultura. “Trata-se de uma mudança para nos entendermos melhor com o futuro, de se criar estratégias para nos mantermos integrados ao mundo digital. Isso vale tanto para os grandes comerciantes e fornecedores como, sobretudo, para os pequenos negócios”. O superintendente do Sebrae-PE citou uma parceria da instituição com o Magazine Luiza para apoiar pequenos negócios que, devido à crise, buscam o meio digital como canal de vendas para seus produtos e serviços, com as micro e pequenas empresas atuando no ambiente de varejo online de marketplaces.
Para o futurista Jacques Barcia, pensar no futuro é pensar em novos valores, pois, segundo ele, o estudo do futuro é na verdade uma simulação, um campo de potencialidades que se antecipa. “A gente não consegue prever o futuro, e sim analisar os pontos de mudança. Por isso, devemos olhar dez anos à frente, para saber o que podemos fazer já nos próximos seis meses ou nos próximos cinco anos”. Especialista no assunto, Barcia afirmou que nós não vamos em direção ao futuro, pois é ele que chega como presente. “O futuro é maleável e pode ser modificado”, pontuou.
* Com informações da assessoria de imprensa da Aspa