Faturamento do setor atacadista sofre retração em maio

A pesquisa mensal da ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados), apurada pela FIA (Fundação Instituto de Administração), mostra, em termos nominais, recuo de -4,60% no acumulado dos meses de janeiro a maio em relação ao mesmo período de 2017. Em maio, também houve queda na comparação com o mesmo mês de 2017 (-9,29%) e estabilidade em relação ao mês de abril de 2018 (+0,05%).

“A greve dos caminhoneiros prejudicou o desempenho do setor atacadista e distribuidor em maio assim como outros setores da economia. Mas ninguém foi mais prejudicado do que a população, que é quem sempre paga a conta da instabilidade política e econômica”, afirma Emerson Destro, presidente da ABAD.

 

Para o presidente, com o desemprego em alta é difícil pensar no crescimento do consumo ainda em 2018. “Começamos o ano com boas expectativas em relação à retomada econômica, mas o nível de desemprego continua alto e não há tempo para reverter essa situação com um cenário de eleições que vai tomar todo o segundo semestre. Portanto, 2019 será mais um ano de resiliência. Esperamos que o novo presidente assuma com apoio suficiente do Congresso para implementar a agenda positiva de que o país tanto necessita”, avalia.

INFLAÇÃO 1 – A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de 0,40% em maio para 1,26% em junho, pressionada pela paralisação dos caminhoneiros e pelo aumento da conta de luz, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior avanço desde janeiro de 2016 (1,27%). Considerando apenas meses de junho, foi a maior alta desde 1995 (2,26%). A forte elevação do mês fez o índice acumulado em 12 meses saltar de 2,86% em maio para 4,39% em junho. Nesse caso, trata-se da taxa mais elevad41a desde março de 2017 (4,57%). Ainda assim, o índice de preços oficial do país ficou próximo do centro da meta de inflação do governo, de 4,5% para este ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No primeiro semestre, o IPCA subiu 2,6%, a menor leitura para o período desde 2006 (4,42%).

INFLAÇÃO 2 – Uma “tempestade perfeita” de aumentos de preços levou a inflação percebida por famílias de baixa renda em junho a atingir maior patamar em mais de dois anos. O Índice de Preços ao Consumidor – Classe (IPC-C1), que abrange famílias com ganhos até 2,5 salários mínimos mensais, acelerou de 0,60% para 1,52% de maio para junho, maior taxa desde janeiro de 2016 (1,91%), informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Efeitos da oferta menor de alimentos devido à greve dos caminhoneiros, aliada a preços em alta de combustíveis e reajuste de tarifa de energia levaram ao resultado, segundo André Braz, economista da FGV. Para o especialista, as causas da aceleração são passageiras, e o indicador deve desacelerar já em julho.

INADIMPLÊNCIA – A inadimplência do consumidor caiu 1,7% no acumulado do primeiro semestre de 2018, de acordo com dados nacionais da Boa Vista SCPC. Na comparação mensal com ajuste sazonal, junho apresentou variação negativa de 4,5% frente a maio. Já quando comparado com o mesmo mês de 2017, o indicador evoluiu 4,5%. No acumulado em 12 meses (julho de 2017 até junho de 2018 frente aos 12 meses antecedentes), houve redução de 3,8%. Regionalmente, na análise acumulada do semestre, ocorreu queda nas regiões Norte (-6,0%), Centro-Oeste (-4,5%), Nordeste (-1,9%), Sudeste (-1,8%). Apenas a região Sul registrou evolução no período (2,4%).

INVESTIMENTOS – Sob efeito da greve dos caminhoneiros, os investimentos tiveram, em maio, seu pior mês na história recente do país. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os investimentos recuaram 11,3% em maio, na comparação a abril, livre dos efeitos sazonais. É o pior resultado desde janeiro de 1996, início da série histórica disponível. A paralisação de 11 dias dos caminhoneiros no fim de maio afetou o recebimento de matérias-primas por indústrias de bens de capital, escoamento da produção realizada e a importação de máquinas.

ENDIVIDAMENTO – O patamar de famílias endividadas mostrou em junho o menor nível em mais de três anos. É o que mostrou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, ao anunciar a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). A pesquisa, que abrange informações de 18 mil consumidores, mostra parcela de 58,6% de famílias que se declararam endividadas em junho, menor do que a de maio deste ano (59,1%); e de junho do ano passado (59,4%). A fatia também foi a mais baixa, para esta pergunta, desde fevereiro de 2015 (57,8%). Mas o desempenho não reflete, na prática, maior folga no orçamento das famílias, na análise de Marianne Hanson, economista da CNC. Para ela, há uma enorme cautela nas famílias em tomadas de novos empréstimos.

CONSUMIDOR – O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) caiu 3,8% em junho, na comparação com maio, atingindo 98,3 pontos, informou nesta quinta-feira (5) a Confederação Nacional da Indústria (CNI), responsável pelo levantamento. Trata-se da maior queda mensal para o indicador em mais de dois anos, desde abril de 2016, quando estava em 97,5 pontos. Na comparação com o mesmo maio de 2017, o Inec caiu 2,2%. O indicador é calculado a partir de seis componentes de expectativa: inflação, emprego, situação financeira, endividamento, renda pessoal e compra de produtos de alto valor. Apenas um teve alta no período: o de compras de bens de maior valor. A expectativa de compras de bens mais caros subiu 2% no período. Agora, o indicador está 0,6% maior do que em junho de 2017.

INDÚSTRIA – Sob impacto da paralisação dos caminhoneiros, a produção industrial recuou 10,9% entre abril e maio, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da segunda maior baixa registrada na série histórica da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), iniciada em janeiro de 2002. A única outra vez em que o setor industrial registrou queda de dois dígitos na base mensal foi em dezembro de 2008 (-11,2%), sob efeito da crise financeira internacional. Em abril de 2018, a produção havia crescido 0,8% frente a março. A paralisação de 11 dias dos caminhoneiros, que provocou uma crise de desabastecimento no fim de maio e no início de junho, afetou o recebimento de matérias-primas pelas indústrias, assim como atingiu o escoamento da produção.

CONFIANÇA – A confiança empresarial registrou nova queda, conforme pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice que mede esse sentimento diminuiu 1,9 ponto em junho, para 90,5 pontos, depois de marcar 92,4 pontos em maio e 93,4 pontos em abril. Na média do segundo trimestre de 2018, também houve queda de 1,9 ponto no indicador em relação ao trimestre anterior. “O recuo da confiança empresarial em junho aprofunda uma tendência esboçada nos dois meses anteriores”, afirma Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas da FGV. “Parte do aumento do desânimo está relacionada aos desdobramentos econômicos e políticos da greve dos caminhoneiros do final de maio. Este efeito aparentemente temporário somou-se aos outros fatores que vinham provocando quedas da confiança: insatisfação com o ritmo lento de retomada da economia, falta de confiança na política econômica e aumento da incerteza política e eleitoral”, explicou em nota.

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