A alta de 0,54% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em maio em relação a abril, feito o ajuste sazonal, interrompeu sequência de quatro meses de retração no indicador, mas segue refletindo avanço lento da atividade, segundo analistas.
Para junho, os indicadores coincidentes já disponíveis sugerem mais um mês de economia fraca, com nova queda da produção industrial. Com isso, há economistas que avaliam que uma recessão técnica – quando o país tem dois trimestres seguidos de retração do PIB – é o cenário mais provável.
A maioria, porém, aposta em ligeiro crescimento do produto em relação ao primeiro trimestre. Mas um junho fraco puxa para baixo a estimativa para o PIB do terceiro trimestre, devido ao menor carregamento estatístico.
PIB – O Monitor do PIB aponta, nas séries dessazonalizadas, crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em maio, na comparação com abril, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). No trimestre móvel encerrado em maio, a retração foi de 0,8%, em comparação ao trimestre terminado em fevereiro. Sobre maio de 2018, a economia cresceu 4,3% no mês e 0,5% no trimestre móvel encerrado em maio. “O crescimento de 0,5% da economia em maio, segundo o Monitor do PIB-FGV, interrompe uma sequência de três quedas do PIB. Entre os três grandes setores, destacam-se a agropecuária e a indústria. Na comparação contra o mesmo período do ano passado, o forte crescimento de 4,3% da economia tem grande influência dos efeitos da greve dos caminhoneiros de maio de 2018, em que a base de comparação é muito baixa. Esses efeitos foram mais evidentes nas atividades de transformação, de comércio e de transporte”, afirma em nota Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
CONFIANÇA – O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) subiu meio ponto em julho, para 57,4 pontos, em meio à tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Foi o segundo aumento consecutivo do indicador, que está 2,9 pontos acima da média histórica de 54,5 pontos. Na comparação com igual período de 2018, o indicador avançou 7,2 pontos. Medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Icei varia de zero a cem pontos. Quando está acima dos 50, mostra que os empresários do setor estão confiantes. O texto-base da reforma da Previdência foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados no dia 10 e a pesquisa ocorreu entre 1º e 11 deste mês. “Essa melhora [do indicador] pode estar ligada às perspectivas de aprovação da reforma da Previdência”, afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “Esse levantamento cobriu os primeiros dez dias de julho, quando a reforma estava sendo encaminhada para votação com perspectivas bastante positivas de aprovação”, completou.
INDICADOR ANTECEDENTE – O Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) para o Brasil subiu 0,9% em junho, para 117,0 pontos, recuperando a perda do mês anterior, informa o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que publica o indicador em parceria com The Conference Board (TCB). A variação acumulada nos últimos seis meses também ficou positiva, em 1,1%. Das oito séries componentes, sete contribuíram positivamente para a evolução do índice no mês, com destaque para o Índice de Expectativas do setor de Serviços, que avançou 3,3%.
VAREJO 1 – O varejo restrito brasileiro deve apresentar crescimento de 1,1% em 2019 na comparação com o ano passado, projeta a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “É um resultado fraco e um indicativo de que a economia brasileira parou de se recuperar. Trata-se de um número bem inferior aos 2,3% de 2018 e aos 2,1% de 2017”, avalia o economista da ACSP Marcel Solimeo. Ele lembra que, em maio, o varejo cresceu 1,3% na variação em 12 meses, segundo o IBGE. “Pela projeção da ACSP, os números do setor irão arrefecer até atingir o resultado de 1,1% em dezembro”.
VAREJO 2 – A alta de preços de 3,4% entre janeiro e maio deste ano e de 8,15% em 12 meses até maio, verificada numa cesta de 35 produtos (como alimentos, materiais de limpeza e higiene) entre os mais vendidos pelos supermercados, não impediu uma reação das vendas dessas companhias. Entre maio de 2018 e maio de 2019, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o crescimento real das vendas do setor atingiu 2,92%. Foi o melhor resultado em sete anos, segundo o presidente da entidade, João Sanzovo. Ficou claro o contraste entre o ritmo de vendas dos supermercados e o da atividade econômica.