O varejo iniciou o segundo trimestre com um ritmo de vendas melhor que o previsto pelo mercado e números positivos disseminados por todos os seus ramos, conforme os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de abril divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume de vendas no varejo restrito — que exclui o comércio de automóveis e de materiais de construção — cresceu 1% em abril, na comparação a março, descontados os efeitos sazonais. Das oito atividades acompanhadas pelo IBGE, sete tiveram crescimento no mês e uma ficou estável, algo que não era visto desde 2012.
Outra boa notícia foi a revisão do resultado das vendas de março, que passou para uma alta de 1,1% frente a fevereiro — o dado foi revisado de um avanço de 0,3% divulgado anteriormente. A revisão refletiu o ajuste sazonal e novos dados primários para atividades de supermercados e equipamentos de escritório. “Tínhamos meses de alta do varejo seguidos de meses de queda ou pouco crescimento. Era um dado mais volátil. Foi o primeiro par de meses que o varejo se mantém em um ritmo de recuperação”, disse Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
O desempenho do varejo foi disseminado em abril, com destaque importante para as vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que representa quase a metade (46%) do varejo restrito e um terço (36%) do varejo ampliado. O setor cresceu 1% em abril, frente a março. “Todo o varejo se movimentou em abril, mas é um setor que está na base do consumo, tem peso grande na pesquisa e por isso mesmo foi um destaque positivo”, disse Isabella.
Para o economista-chefe interino da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, os impactos negativos da greve dos caminhoneiros sobre o volume de vendas do varejo devem se limitar aos meses de maio e junho, sem comprometer a tendência de crescimento do setor neste ano. De acordo com a CNC, os números mostram que as vendas do varejo continuam emitindo sinais de recuperação no curto prazo. Bentes afirma que a inflação ainda baixa e a queda nas taxas de juros contribuem para isso. Desta forma, a CNC revisou sua projeção de crescimento do varejo ampliado de 4,7% para 5% neste ano.
INFLAÇÃO: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,40% em maio, acima da taxa apurada um mês antes, de 0,22%, conforme o IBGE. De janeiro a maio, a inflação acumulada foi de 1,33%. Trata-se da menor inflação para o período desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o IPCA subiu 2,86%, excedendo os 2,76% apurados nos 12 meses imediatamente anteriores. O índice completou, desta forma, 11 meses abaixo do piso da meta de inflação, de 3% — o centro é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
FALÊNCIA – Os pedidos de falência caíram 21,6% no acumulado em 12 meses (junho de 2017 até maio de 2018 comparado aos 12 meses antecedentes), segundo dados com abrangência nacional da Boa Vista SCPC. Mantida a base de comparação, as falências decretadas subiram 21,8%, enquanto para os pedidos de recuperação judicial e recuperações judiciais deferidas1 foram observadas quedas de 5,4% e 7,1%, respectivamente. Na comparação mensal os pedidos de falência caíram 7,9% em relação a março, enquanto as falências decretadas subiram 6,4%. No mesmo período foram observados crescimentos nos pedidos de recuperação judicial (37,2%) e recuperações judiciais deferidas (41,1%).
SALÁRIO – Cerca de 63% dos reajustes salariais de 2017 implicaram ganhos reais aos trabalhadores, aponta balanço do Dieese (Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado nesta semana. Segundo o instituto, o dado sugere uma ligeira melhora para o empregado no quadro das negociações salariais em relação aos dois anos anteriores, marcados pela recessão econômica. Em 2015, metade dos reajustes ficaram acima da inflação do período e, em 2016, apenas 18,3%.
SERVIÇOS – Em abril, o volume de serviços prestados no Brasil registrou aumento de 1,0% ante março, na série divulgada pelo IBGE. Este é o primeiro resultado positivo do ano, com maior influência do setor de transportes, que tem grande peso no índice. O levantamento, porém, foi feito antes da greve dos caminhoneiros afetar os setores produtivos e a confiança. Em comparação a abril de 2017 (série sem ajuste sazonal), o volume de serviços cresceu 2,2%, a taxa mais alta desde março de 2015 (2,3%).