O dólar em alta levou ao fortalecimento, ao longo de 2018, da inflação apurada pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que encerrou o ano passado com alta de 7,10%, maior nível desde 2016 (7,18%). Ao mesmo tempo, o arrefecimento do câmbio no fim do ano também levou o resultado mensal do IGP-DI a registrar a menor taxa da história para meses de dezembro, desde a década de 40, segundo análise do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz. Para ele, o dólar será, novamente, fundamental para definir a trajetória do indicador ao longo deste ano. Braz explicou que, de novembro para dezembro do ano passado, a taxa mensal do IGP-DI passou de -1,14% para -0,45%. Houve aumentos de preços em alimentos no atacado, como carne bovina (4,67%) e feijão em grão (14,51%) e em preços administrados no varejo, como tarifa de táxi (9,21%) e taxa de água e esgoto residencial (2,19%).
Para 2019, é possível que o câmbio volte a mostrar poucas oscilações, com impacto favorável para a inflação. O fator de incerteza no ambiente político não existe mais, lembrou Braz. Ele afirmou que a inflação de janeiro será impactada por preços administrados em alta, característicos dessa época do ano. E acrescentou, ainda, que caso a atividade aqueça nos próximos meses, isso poderia conduzir a aumento de preços. Mas, esses efeitos poderiam ser mitigados por dólar “comportado”, avaliou.
INFLAÇÃO 2 – A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) ficou em 0,03% na primeira prévia de janeiro. Um mês antes, contudo, o índice tinha registrado queda, de 1,16%, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre os três componentes do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) recuou 0,13% na primeira medição de janeiro, seguindo baixa de 1,70% um mês antes. No recorte por estágios da produção, as Matérias-primas cederam 0,20%, depois de baixa de 2,53% no mês anterior, com impacto dos itens minério de ferro (-4,95% para 1,88%), soja (-3,44% para -1,72%) e cana-de-açúcar (-2,02% para 0,34%). Os Bens intermediários foram de queda de 2,32% para decréscimo de 0,83% e os Bens finais mudaram de rumo, deixando declínio de 0,34% na parcial de dezembro de 2018 para elevação de 0,65% na leitura inicial de janeiro deste ano. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,38% na prévia de janeiro, depois de cair 0,16% um mês antes. Das oito classes de despesa, o destaque ficou com alimentação (-0,03% para 0,71%). Por sua vez, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,27% no início de 2019, depois de ter avançado 0,06% na medição inicial de dezembro passado. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços aumentou 0,18%. No mês anterior, a taxa foi positiva em 0,13%. O índice que representa o custo da mão de obra teve elevação de 0,34%, depois de registrar estabilidade na parcial de dezembro.
EMPREGO – Indicadores do mercado de trabalho encerram dezembro estáveis, diz FGV – O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) encerrou o último trimestre do ano com alta de 2 pontos, para 94,9 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas. Apesar do avanço na métrica trimestral, o índice ficou estável em dezembro, dando indicações pouco claras para o cenário do emprego no início de 2019. A estabilidade do IAEmp em dezembro não foi homogênea e foi composta pela alta de dois indicadores acima de quatro pontos e pela queda em cinco indicadores, com destaque ao indicador de Emprego Previsto na Indústria que caiu 5,4 pontos.
Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) também ficou inalterado em dezembro, em 98,9 pontos. Na média móvel trimestral, o indicador subiu pela terceira vez consecutiva, o que para esse índice mostra um quadro negativo — quanto maior o número, pior o resultado. Em nota, a coordenadora de sondagens da FGV, Viviane Seda Bittencourt, destaca que “depois recuar um pouco no mês anterior, o ICD ficou estável, mas ainda em patamar elevado em dezembro. O resultado sinaliza que, livre de influências sazonais, a taxa de desemprego continua caindo muito lentamente”. Com relação ao indicador de desemprego, as duas classes de renda familiar mais baixas contribuíram de forma positiva para o ICD, enquanto as duas classes de renda mais altas contribuíram negativamente para o indicador.
INDÚSTRIA – A produção industrial cresceu apenas 0,1% em novembro sobre outubro, depois de cair 2,8% nos quatro meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento de alimentos, com alta de 5,9%, impediu o que seria o quinto resultado negativo. Faltando apenas o dado de dezembro para completar o quarto trimestre, a média da produção estava 1,4% abaixo da registrada no terceiro quarto do ano, na série com ajuste sazonal. Assim, o setor caminha para fechar 2018 com um crescimento bem menor que o de 2,6% em 2017, sem conseguir recuperar-se das quedas expressivas de 6,4% em 2016 e de 8,3% em 2015. O resultado ainda deixa uma “herança” estatística fraca para 2019. A perspectiva para este ano é melhor, mas as projeções, hoje na casa dos 3%, já foram maiores.
Fonte: Valor online