IPCA fica perto de zero, atinge menor taxa para março em 24 anos e reflete retomada mais lenta

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a surpreender em março, ao desacelerar para 0,09%, piso das projeções dos analistas. Trata-se do menor resultado para o mês desde a criação do Plano Real, em 1994, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o indicador subiu 0,32%.

Em 12 meses, o IPCA manteve sua trajetória de desaceleração, indo de 2,84% de aumento no acumulado em fevereiro para 2,68% de alta no acumulado em março. Dessa forma, o índice completa nove meses abaixo do piso da meta de inflação do governo. O piso da inflação é de 3% neste ano — o centro da meta é de 4,5%, com margem de flutuação de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

O baixo nível de preços responde ao momento excepcional dos alimentos, que em 12 meses continuam em deflação, mas também à grande ociosidade na economia, que a lenta retomada da atividade custa em preencher. Para Fernando Gonçalves, gerente de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, com o emprego se recuperando mais pela via da informalidade, as famílias evitam elevar seus gastos.

MERCADO DE TRABALHO

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que visa antecipar os rumos do mercado de trabalho do país, teve queda em março, conforme pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador caiu 1,9 ponto, para 107,7 pontos, devolvendo a alta de fevereiro. Mesmo com este recuo, em médias móveis trimestrais, o indicador manteve a tendência ascendente (0,2 ponto). “O índice antecedente de emprego mostra-se em um nível bastante elevado refletindo uma grande confiança quanto a retomada da economia e, com isso, uma contratação mais forte ao longo dos próximos meses”, disse em nota Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da FGV. ´

EMPREGO

O medo do desemprego caiu na comparação entre dezembro de 2017 e março deste ano. O indicador medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) passou de 65,8 pontos para 63,8 pontos. “O índice ainda se encontra em patamar elevado, muito acima da média histórica de 49,2 pontos”, pondera a entidade patronal. Segundo a sondagem – que entrevistou 2 mil pessoas em 126 municípios entre os dias 22 e 25 de março – a Satisfação com a Vida, por outro lado, subiu ao passar de 65,6 pontos em dezembro para 67,5 pontos em março. “O acompanhamento dos índices de Satisfação com a Vida e de Medo do Desemprego antecipa o que vai ocorrer com o consumo das famílias. Pessoas mais satisfeitas com a vida e sem medo de perder o emprego consomem mais, o que alimenta o processo de recuperação da economia”, afirmou a CNI.

INADIMPLÊNCIA

A inadimplência do consumidor caiu 5,2% no acumulado 12 meses (abril de 2016 até março de 2018 frente aos 12 meses antecedentes), de acordo com dados nacionais da Boa Vista SCPC. Já na avaliação mensal com ajuste sazonal, março apresentou aumento de 6,2%. Quando comparado o resultado contra o mesmo mês de 2017, o indicador caiu 6,3%. Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, ocorreu queda nas regiões Nordeste (-7,4%), Norte (-7,2%), Centro-Oeste (-7,3%), Sudeste (-5,0%) e Sul (-1,1%).

VAREJO

O movimento dos consumidores no comércio varejista do País cresceu 0,6% em março na comparação com fevereiro, com ajuste sazonal, segundo a Serasa Experian. Em relação ao terceiro mês de 2017, sem ajuste, a alta foi de 8,8%. No primeiro trimestre, a atividade no varejo subiu 7,3% no confronto com igual período do ano passado.

Conforme a instituição, o crescimento é o maior para um primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Em 2017, houve recuo de 2,9%; queda de 8,5% em 2016; alta de 0,6% em 2015 e de 3,3% em 2015, nessa base de comparação. “O avanço da massa real de rendimentos e o impulso proporcionado pela expansão do crédito, face à sequência de redução das taxas de juros e da melhora dos níveis de confiança do consumidor, impactaram favorável no primeiro trimestre”, avalia em nota a Serasa.

CONSUMO

Em março, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou alta de 0,9% em relação a fevereiro e chegou aos 95,1 pontos. Essa foi a nona variação positiva consecutiva e a maior pontuação desde abril de 2015. Na comparação anual, o crescimento foi de 20,8%, quando o indicador atingiu os 78,7 pontos. Esse é o 19° mês seguido de crescimento nessa base comparativa.

CRÉDITO

O indicador de recuperação de crédito – obtido a partir da quantidade de exclusões dos registros de inadimplentes da base da Boa Vista SCPC – apontou crescimento em março de 0,7% na comparação mensal com ajuste sazonal. Já na análise acumulada em 12 meses, houve queda de 1,0% (abril de 2017 até março de 2018 frente aos 12 meses antecedentes). Na comparação com o mesmo mês de 2017 a queda foi de 3,0%.Apesar da queda no acumulado em 12 meses, algumas regiões já conseguiram reverter suas tendências ao longo do último ano, efeito ligado ao gradual aumento da atividade econômica e melhoria do mercado de trabalho. Caso esse cenário continue, espera-se convergência da recuperação de crédito para as demais regiões em níveis positivos ao longo do ano.

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