A contração de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2019, divulgada nesta quinta-feira (30), intensificou a pressão para que o governo adote medidas de estímulo à economia. Comentando o resultado, o ministro Paulo Guedes destacou a necessidade de caminhar com a agenda de reformas, em especial da Previdência, para impulsionar a retomada do crescimento econômico.
“Nós já estávamos contando com a economia bastante estagnada nesse primeiro trimestre, mas nós estamos confiantes que a retomada vem aí”, afirmou ele a jornalistas, após reunião com parlamentares do Novo no Ministério da Economia.
“As pessoas têm que entender que precisamos das reformas exatamente para retomar o crescimento. A Previdência é apenas a primeira delas, que garante as aposentadorias e ao mesmo tempo vai criar estimulo à formação de poupança no Brasil e vai dar um horizonte de 15, 20 anos de estabilidade na parte fiscal”, completou.
Guedes ressaltou que o governo também pretende tocar adiante a reforma tributária, o choque de energia barata e uma reformulação do pacto federativo para descentralizar recursos para Estados e municípios. Para o ministro, os investimentos estrangeiros vão começar a ingressar no país à medida que as reformas forem implementadas.
Outra medida estudada pelo governo, segundo Guedes, é a liberação de recursos de fundos como FGTS para animar o consumo.
Juros
O resultado do PIB também acendeu, entre economistas, o debate sobre o corte da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, que permanece em 6,5% desde maio de 2018. A defesa de corte de juros não é consensual, mas o tema ganha espaço crescente em discussões e relatórios.
“[O resultado do PIB] é mais uma evidência de que o Banco Central pode cortar os juros. É o único instrumento de curtíssimo prazo para ajudar a economia a voltar a crescer”, diz Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do BC.
Fontes: Folha online e portal Exame
PIB 2 – O crescimento projetado para a economia brasileira em 2019 é de 1% a 1,5%, havendo riscos significativos para baixo, segundo a equipe de economistas do FMI. É uma projeção inferior à que foi anunciada no começo de abril, quando o Fundo cortou a estimativa para este ano de 2,5% para 2,1%. Em declaração da missão do Fundo sobre o raio X anual da economia brasileira, os economistas do FMI dizem que uma recuperação lenta da economia está em curso, sendo restringida pela demanda contida e pela produtividade fraca. A nova estimativa está em linha com o consenso do mercado que aparece no Boletim Focus do Banco Central, atualmente em 1,24%. “Uma reforma da Previdência robusta e medidas fiscais adicionais são necessárias para colocar a dívida pública em trajetória sustentável, impulsionando assim a confiança do investidor”, diz o texto.
EMPREGO – O mercado de trabalho formal surpreendeu positivamente com a abertura de 129,6 mil vagas em abril, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número veio acima da expectativa mediana dos analistas de criação de 78 mil empregos e foi o melhor resultado para o mês desde 2013. Analistas destacam, porém, que, na média móvel trimestral, a criação de vagas formais continua fraca e inclusive perdeu força em relação ao fim de 2018.
CONFIANÇA 1 – O Índice de Confiança do Comércio (Icom) da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou 5,4 pontos em maio, ao passar de 96,8 para 91,4 pontos, retornando ao mesmo nível de setembro de 2018. Em médias móveis trimestrais, o indicador cedeu 2,9 pontos, terceira queda consecutiva. No mês, a confiança caiu em 11 dos 13 segmentos. A queda do índice ocorreu devido a tanto a uma nova redução das expectativas quanto da piora dos indicadores sobre o momento presente.
CONFIANÇA 1 – A confiança dos empresários da indústria e da construção civil recuou em maio, segundo indicadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados nesta semana. É mais um sinal negativo para o investimento, que tem sofrido muito num quadro marcado por incertezas em relação à reforma da Previdência, enorme ociosidade e demanda insuficiente. Houve uma piora da percepção do empresariado tanto em relação à situação atual quanto a respeito das expectativas. Divulgada na terça-feira, a prévia da Sondagem da Indústria de maio da FGV recuou 1,6 ponto, para 96,3 pontos, na série com ajuste sazonal.
CONFIANÇA 3 – A confiança da indústria caiu em maio, conforme levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice que mede esse sentimento recuou 0,7 ponto ante abril, para 97,2 pontos, com queda em 10 dos 19 segmentos industriais pesquisados. O Índice da Situação Atual (ISA) permaneceu estável em 98,5 pontos. enquanto o Índice de Expectativas (IE) diminuiu 1,5 ponto, para 95,9 pontos. O indicador que mede a perspectiva de contratações do setor nos três meses seguintes recuou 3,6 pontos, exercendo a principal influência para o resultado negativo do IE no mês.
INFLAÇÃO – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), espécie de prévia da inflação oficial, ficou em 0,35% em maio, abaixo da mediana das expectativas do mercado, conforme divulgado pelo IBGE. Em abril, o indicador havia ficado em 0,72%. Apesar da desaceleração, trata-se da maior taxa para um mês de maio desde 2016, quando subiu 0,86%. O índice acumula agora alta de 2,27% no ano. Em 12 meses encerrados em maio, o IPCA-15 sobe 4,93%, acima da meta de inflação do governo — de 4,25% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Trata-se da maior taxa registrada desde fevereiro de 2017, quando subiu para 5,02%