A mudança de comportamento do consumidor, que adotou a rotina de compras tanto para reposição quanto para abastecimento no pequeno varejo – também chamado de varejo de vizinhança -, tem impulsionado o crescimento do atacado distribuidor. Em termos nominais, o setor acumula até agosto de 2020 alta de +3,31% no faturamento, na comparação com o mesmo período de 2019. Na relação com agosto de 2019, o setor cresceu +6,30%. Em relação a julho de 2020, houve pequeno recuo, quase estabilidade, de -0,36%. Os dados constam da pesquisa mensal da ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, apurada pela FIA (Fundação Instituto de Administração) com um grupo representativo de empresas do setor.
“Durante este ano de grandes desafios, o varejo de vizinhança mostrou sua força e cresceu, destacando-se como canal de compras preferencial do consumidor pela proximidade, conveniência e segurança. E nosso setor cumpriu brilhantemente seu papel, não deixando de abastecer o varejo independente um dia sequer, o que contribuiu para manter o pequeno varejo em pleno funcionamento. Essa postura garantiu os bons resultados que estamos colhendo, apesar do isolamento social e dos efeitos negativos da pandemia para o setor produtivo como um todo”, avalia o presidente da ABAD, Emerson Luiz Destro.
A inclusão de novos canais na rotina de compra da população é uma das mudanças mais significativas no padrão de consumo nos últimos tempos, segundo o estudo Consumer Insights da Kantar, lançado em junho. De acordo com o estudo, no primeiro trimestre de 2020, em comparação com o último de 2019, mais de 2 milhões de lares passaram a comprar em pequenos varejos, mais de 1,2 milhão em varejos tradicionais e mais de 200 mil em supermercados da vizinhança. Levantamento da Nielsen entre janeiro e 10 de maio deste ano, comparado com igual período de 2019, revela que, em valor, as vendas no varejo de vizinhança cresceram 7,9%. Outra pesquisa, da consultoria GfK, encomendada pela ABAD, revela que o pequeno varejo independente está otimista, 75% acreditam que 2020 será melhor ou igual ao ano anterior. A pesquisa foi feita com 361 varejistas de lojas com até quatro checkouts em todo o Brasil em junho.
Outro dado recente, coletado pelo Facebook, em parceria com a Deloitte, mostra que 73% dos consumidores começaram a comprar dos pequenos negócios de bairro durante a pandemia, motivados principalmente pela preocupação com a sobrevivência desses pequenos negócios. E a presença dos pequenos negócios nas plataformas sociais ajudam os consumidores a descobrir novos locais para suas compras.
O presidente da ABAD credita também o bom desempenho ao efeito do auxílio emergencial, já que grande parte da população destinou o valor para a compra de alimentos. “Outro aspecto relevante é o fato de as pessoas, em casa, prepararem a própria alimentação, aumentando o consumo doméstico. Todo esse cenário somado tem favorecido o desempenho do setor”, conclui.