NRF 2024: especialistas listam insights sobre varejo

Após o encerramento da NRF 2024 Retail’s Big Show, maior feira do setor de varejo e consumo, realizada em Nova Iorque (EUA), entre 14 e 16 de janeiro, especialistas e consultores do setor se reuniram para o seminário digital Pós NR no dia 17 de janeiro, no Harvard Club, momento em que foram compartilhadas as principais percepções obtidas durante o evento, sempre com um viés voltado ao mercado brasileiro.

Organizado pela BTR-Varese, o seminário deste ano enfatizou seis principais insights e tendências que estão chegando ao território nacional. Com apresentação de Eduardo Terra, coordenador do Comitê de Tecnologia e Inovação da ABAD, e Alberto Serrentino, ambos sócios da BTR-Varese, o evento reuniu cerca de 260 pessoas presencialmente em Nova Iorque e mais de duas mil acompanhando virtualmente através da transmissão ao vivo.

Confira, abaixo, detalhes sobre os seis insights apresentados.

Resiliência do Varejo

Entre o final de 2019 e 2024 o mercado varejista vivenciou períodos bastante conturbados. Além da pandemia de covid-19 – que parecia ser um entrave para as vendas, mas acabou se tornando uma alavanca de consumo que também acelerou a digitalização – houve instabilidades políticas locais e globais. Foi nesse momento que o varejo se mostrou bastante resiliente.

Em cenários de rápidas mudanças, que é justamente o que vem acontecendo agora, essa habilidade é bastante importante. “No passado, navegar no varejo era como percorrer uma estrada retilínea e tranquila. Hoje é como dirigir por curvas e muitas subidas”, disse Eduardo Terra, completando que o futuro promete “tornar essas curvas ainda mais sinuosas”.

Inteligência Artificial

Para iniciar a apresentação sobre a revolução tecnológica que impacta diversos setores da economia, Terra optou por citar uma frase da Microsoft: a inteligência artificial deve ser o copiloto do negócio, não o piloto.

O que os especialistas da gigante tecnológica querem dizer é que a inteligência artificial não será a responsável por comandar os processos de inovação, mas servirá como um suporte importantíssimo para o desenvolvimento de muitos deles.

No mercado varejista, é possível implementar a inteligência artificial em inúmeros setores e departamentos, como precificação, expansão, atendimento ao consumidor, sortimento, promoções, CRM, mídia e locação de times.

Porém, como enfatiza Terra, os avanços trazidos pela inteligência artificial impõem desafios para a economia global:

  • O Fórum Econômico Mundial prevê que até 2017 serão criadas 69 milhões de vagas e eliminadas outras 83 milhões, o que representa uma redução de 2%;
  • No Brasil, os gastos com inteligência artificial vão superar U$S 1 bilhão neste ano, alta de 3% de acordo com a consultoria IDC;
  • Nos setores de varejo e bens de consumo mundial, a estimativa de gastos com inteligência artificial vai de US$ 400 bilhões a US$ 600 bilhões por ano;
  • 72% dos CEOs considera que o investimento em inteligência artificial é prioritário de acordo com pesquisa da KPMG.

Porém, segundo a Linx, mesmo diante desses fatos, no Brasil, 84% dos varejistas ainda não utilizam inteligência artificial em seus negócios. Portanto, o que Terra sugere como imprescindível para esse momento é entender como criar uma agenda prioritária, objetiva e que traga resultados imediatos para a adesão à inteligência artificial.

É, inclusive, a hora certa para essa avaliação, visto que nunca tivemos tantos dados disponíveis, a capacidade de armazenamento – que antes era um entrave – vem se desdobrando continuamente, estamos na era do 5G, e passamos a transformar a capacidade computacional.

Varejo hiper automatizado

A economia global vê a automatização tomar conta de diversos processos através da utilização de bots, robôs, câmeras e drones. De acordo com pesquisa da McKinsey, as aplicações de inteligência artificial generativa devem movimentar, sozinhas, até US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, sendo que grande parte desse valor está alocado a ganhos de produtividade em engenharia e desenvolvimento de software.

Outro ponto importante, também trazido por Terra durante o seminário, é que em dez anos, pode ser que até 47% dos empregos sejam transferidos aos robôs, que, no varejo, podem ser utilizados na armazenagem, reposição, controle de planograma, picking, limpeza, segurança e concierge. Isso sem falar no desenvolvimento do drone delivery, que com a chegada e disponibilidade do 5G, torna-se ainda mais factível.

“Em muitos aspectos operacionais, não há como competir”, comenta Terra lembrando que um rapaz chinês bateu o recorde de resolução do cubo mágico com pouco mais de três segundos para a finalização do desafio e, ao mesmo tempo, a inteligência artificial concluiu a montagem em menos de um segundo.

Varejo orientado por conteúdo e retail media

O que se nota atualmente no mercado de varejo é uma mudança na jornada de compras. Na China, segundo Alberto Serrentino, nos últimos três anos houve um impulsionamento importante do live commerce através de um forte mercado de creators e influenciadores digitais.

“A jornada que educou as pessoas a comprarem digitalmente, impactando o varejo físico, está mudando de novo. Não é só mais uma demanda racional ou a busca e necessidade por algo que você precisa que te faz abrir uma jornada que pode ou não terminar na loja física. Hoje o conteúdo é o grande estímulo e o que gera o drive de compra”, explicou, relatando que, entre os chineses, até consulta médica é vendida por plataformas de conteúdo e live streaming.

Para o especialista, o importante é ter sempre o negócio orientado ao cliente com uma boa capacidade de entender a jornada para que o tráfego gerado capture dados que possam ser utilizados na ativação e engajamento. “É isso que gera maior conversão e monetização”, comentou.

Considerando que a maturidade digital dos consumidores é acumulativa, a movimentação tende a ser cada vez mais rápida. Serrentino, inclusive, mencionou uma possível criação do Tik Tok Shopping, uma plataforma capaz de mudar padrões de jornada e ativar novas formas de engajamento. “As pessoas já estão conectadas diariamente e de forma massiva consumindo vídeos, conteúdos, entretenimento e informações ligadas ao varejo. Elas somente não conectaram, ainda, tudo isso à jornada de compra”, finalizou.

Lojas HUB

Não há, na visão de Serrentino, a perspectiva de que as lojas físicas deixarão de ter um papel relevante para o varejo. Porém, é preciso entender que mudanças devem ser adotadas para atender às necessidades e desejos dos consumidores atuais. “Não temos de discutir se teremos mais ou menos lojas físicas, mas sim qual o papel dessa loja na captura e engajamento dos clientes”, disse.

Para ele, mais importante do que a definição do canal, é compreender a essência da compra, a frequência, e o gasto total do cliente, indicadores que auxiliarão no crescimento.

Outro ponto importante é a transformação da loja física em um hub de serviços focado na experiência do cliente, visto que estudos mostram que 67% dos compradores querem experiências mais gratificantes, e isso eles podem conseguir indo comprar em lojas físicas. “Está tudo muito automatizado e sem inspiração, o que empurra o cliente para a compra digital. Não se pode ter, na loja física, apenas um repositório de produtos”, explicou.

Liderança em três dimensões

Serrentino enfatiza que, hoje, é preciso que as lideranças atuem em três dimensões principais: digitalização, resultados e sustentabilidade.

A digitalização, como evolução tecnológica, é inadiável e está em curso, sendo que muito do que está envolvido nesse aspecto foi comentado nos tópicos e insights anteriores. A agenda, agora, é de crescimento sustentável e lucratividade. “Não existe mais tolerância a coisas que consomem caixa sem perspectiva de resultado”, diz o especialista.

No aspecto da sustentabilidade, também não há mais espaço para discursos vazios e greenwashing. “Há um senso de urgência que puxa a responsabilidade para as empresas, visto que o planeta vai entrar em colapso”, finalizou.

Além dos insights apresentados por Terra e Serrentino, o seminário digital Pós NRF 2024 contou com palestras de especialistas diversos do setor sobre experiências e posicionamentos adquiridos durante a edição 2024 da NRF Retail’s Big Show.

Crédito da Foto em Destaque: NRF Big Show 2024 – Jason Dixson Photography 

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